Vencer o mal

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Homilia do Iº Domingo da Quaresma – Ano A

(09/03/2014)

Leituras:

Gn 2,7-9.3,1-7

Sl 50(51),3-4.5-6a.12-13.14.17 (R. cf. 3a) ou ou mais breve 5,12.17-19

Rm 5,12-19

Mt 4,1-11

Desde o início da quaresma na quarta-feira de cinzas, afirmei que existem duas possibilidades para as pessoas: acreditar que o mal não se possa vencer ou acreditar que se possa vencer. O que acreditamos gera consequências muito diferentes entre elas.

Primeiro porque quem acredita que o mal não possa ser vencido é bem provável que tente se colocar ao lado do mal, para ter sua fatia de vantagens pessoais. Na melhor das hipóteses este tipo de pessoa tenta se proteger ou se esconder na esperança ilusória de não ser afetados diretamente. De qualquer maneira todos eles colaboram para o fortalecimento de tudo que é mal. Esta forma de pensar, muito mais difundida do que pensamos, fere profundamente a fé em Jesus Cristo.

Na outra possibilidade as coisas mudam radicalmente. O fundamento de tudo isso é que Cristo venceu a morte e o mal e que, construindo o Reino de Deus, construímos o bem e vencemos o mal. Esta forma de crer gera pessoas que assumem seu papel de responsabilidade na construção de um mundo melhor. Acreditar que vamos vencer o mal é profundamente cristão.

A leitura do Genesis nos mostra a tentativa de ser como Deus e nos apropriar do bem e do mal. Isso não é antigo e acontece hoje. Há uma cultura de morte que decidiu o que é bem ou mal e leva a humanidade a sua destruição, a começar pelo planeta.

Decidindo que “o bem” é tirar da terra e dos mares tudo que podemos, sem pensar nos equilíbrios do planeta, mas simplesmente orientados pela busca de riqueza material, estamos destruindo a terra e muitas populações do mundo.

A busca do que é bem ou mal tem que ser norteada pela revelação divina e pelo bem de todos e não apenas de alguns. Precisamos ouvir mais a nossa consciência. Isso acontece também em nível pessoal afetando profundamente nossas relações, especialmente quando alguns querem prevalecer sobre outros e, em nome de um bem pessoal, na verdade praticam o mal para muitos outros.

Este mesmo tema está nas tentações de Jesus, que são as mesmas da humanidade. Na primeira delas Jesus é convidado e transformar as pedras em pão, simbolizando tudo que é bem material. A sua resposta não deixa espaço para esta ilusão: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (MT 4,4). A felicidade do ser humano passa sim por bens materiais que trazem segurança e conforto, mas não se encontra apenas neles: é preciso matar outro tipo de fome.

A grande fome da humanidade é a fome de sentido da vida. Se a nossa vida está se tornando sem sentido, de nada vai adiantar tentarmos acalmar esta fome com bens materiais e riquezas.

A proposta fica muito clara e se confirma nas outras tentações de Jesus: uma religião alienante que se serve de Deus e a idolatria, isto é, fazer de Deus o que Deus não é.

Jesus mostra que essas são as raízes dos males da humanidade e por isso se posiciona se maneira firme. Cabe a nós também assumir uma posição firme em relação a tudo isso.

Quaresma é tempo de mudança e transformação porque nos orientamos a vencer o mal e deixar de lado tudo que está negando isso.

O compromisso de não praticar o mal é condição essencial para sermos cristãos, mas fazer o bem é fundamental para seguir Jesus e entender nosso papel neste mundo.

Padre Graziano Cirina

9 de março de 2014

Homilia publicada originalmente no site da Paróquia Sagrado Coração de Jesus

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