Renunciar ao egoísmo carregando a cruz do amor

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Homilia do XXIIº Domingo do Tempo Comum – Ano A

(03/09/2014)

Leituras:

Jr 20,7-9

Sl 62(63),2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)

Rm 12,1-2

Mt 16,21-27

O evangelho deste XXIIº domingo nos traz aquele que podemos considerar o centro do Evangelho, no que se refere a postura de um cristão. Jesus, como sempre, oferece sua proposta de vida, nos mostra o sentido mais profundo da vida. A sua expressão “se alguém quiser” não obriga ninguém, não é uma ameaça de nenhum inferno, mas uma proposta de vida que pode ser acolhida de maneira livre para construir um mundo mais justo e fraterno.

“Se alguém quiser me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (cf. Mt 16, 24)

Renunciar a si mesmo não significa fazer algo para se anular. Ao contrário, é uma proposta de vida que valoriza nossa vida e nos oferece uma autentica espiritualidade para nossos tempos marcados por uma cultura do egoísmo. Quando falamos de “cultura” entendemos aquele pensar comum à nossa sociedade onde são admirados comportamentos interesseiros e de esperteza. Hoje é muito comum, por exemplo, ouvir uma expressão como “o que eu ganho com isso” que é símbolo desta cultura de egoísmo.

Nossa vida não pode ser movida apenas por interesses: há muitas coisas que enriquecem nossa vida é que são feitas por amor, por compaixão, solidariedade, generosidade, e não para ganhar alguma coisa. Ouvimos também falar a expressão “o que tenho a ver com isso”, quase que a indiferença está sendo instituída como modo de viver. Isso me lembra muito uma das páginas iniciais da Bíblia, quando, por inveja, Caim mata seu irmão Abel. Deus pergunta para Caim “onde está o teu irmão?”. A resposta do Caim é “por acaso sou eu vigia do meu irmão”: uma resposta símbolo de uma consciência pesada e da falta de responsabilidade e muito parecida com a frase que disse antes “o que eu tenho a ver com isso?”

Nesta cultura a pessoa que aceita o convite de Jesus e renuncia ao egoísmo como forma de vida (momentos pequenos de egoísmo sempre teremos), se torna como uma luz que brilha que nos mostra que uma vida de fraternidade e responsabilidade comum é possível.

“Se alguém quiser me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.” (cf. Mt 16,24)

A cruz no início do cristianismo era o sinal do amor infinito de Deus na pessoa do deu filho Jesus Cristo. Portanto um símbolo de amor. Aos poucos na Igreja se tornou um símbolo de sofrimento: neste pensamento carregar a cruz significaria então carregar o sofrimento. Carregar a cruz, porém, significa assumir o amor na nossa vida com todas suas consequências. Carregar a cruz e fazer todo dia o esforço de acreditar no amor e vivê-lo em todas as situações da vida. Precisa resgatar este sentido construtivo da cruz e não pensar que carregar a cruz significa se deixar esmagar pela dor. Por isso lutamos contra todo sofrimento, mas assumimos com dignidade as situações difíceis que acontecem na vida, não deixando de amar e lutar para um mundo melhor.

Homilia publicada originalmente no site da Paróquia Sagrado Coração de Jesus

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