Homilia do IIº domingo da Quaresma – Ano A, B e C*
(18/03/2019)
Leituras Ano A:
Gn 12,1-4a
Sl 32(33),4-5.18-19.20.22 (R. cf. 22)
2Tm 1,8b-10
Mt 17,1-9
Leituras:
Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
Sl 115(116B),10.15.16-17.18-19 (R. Sl 114,9)
Rm 8,31b-34
Mc 9,2-10
Leituras Ano C:
Gn 15,5-12.17-18
Sl 26(27),1.7-8.9abc.13.14 (R. 1a) ou ou mais breve 3,20-4,1
Fl 3,17-4,1
Lc 9,28b-36
O Evangelho deste domingo nos apresenta o fato da Transfiguração. Jesus escolhe três apóstolos e os leva a montanha onde se transfigura perante eles. Assim ele mostra a sua divindade, o seu esplendor.
A teofania que acontece declara solenemente que eles precisam ouvir e fazer tudo que Jesus fala. A raiz da nossa fé é escutar a palavra de Jesus, não são as aparições, as revelações.
Jesus não aceita a proposta de fazer três tendas, pois precisava descer novamente do “tabor” para estar no meio dos outros, na vida real. A fé não nos tira da realidade, mas ao contrário, nos ajuda a transformar a realidade!
Jesus quis que os apóstolos tivessem uma experiência profunda da presença de Deus; algo que marcaria suas vidas para sempre. Sabemos que os 3 serão guias e pastores de comunidades muito importantes para os seguidores de Jesus: Pedro em Roma, Tiago em Jerusalém e João em Antioquia e Éfeso.
Vivemos um tempo especial, o da Quaresma. Um tempo que é favorável para fazer experiência da presença de Deus. Cuidar da dimensão espiritual. A nossa fé não pode ser apenas um fato intelectual. Deus não é uma ideia, não é um sistema filosófico, não é uma ideologia, não é um dogma. Deus é alguém. Deus é um Deus em três Pessoas que nos amam infinitamente. O cristão não pode simplesmente praticar a sua fé com atos e orações apressadas e impessoais. O cristão precisa ter uma comunhão de vida e de amor com Deus. Uma experiência pessoal de Deus.
Vivemos com “agenda cheia”, corremos o dia inteiro para lá e para cá, mas não pensamos mais nas nossas aspirações mais profundas. Não sabemos mais quem somos. Como diz o famoso livro, somos águias que vivem como galinhas dentro do galinheiro, esquecemos que nascemos para voar, e pior, esquecemos que sabemos voar.
Quanto tempo dedicamos para cultivar a amizade com Deus?
A quanto tempo não fazemos um momento de silêncio, de deserto, de adoração?
A quanto tempo não ficamos a sós com uma página do evangelho?
Um dado muito positivo da vida moderna é que aprendemos, apesar da correria do dia-a-dia, a cuidar do nosso corpo: caminhadas, exercícios, academia. Isso é certo, é bom, a nossa vida melhora e, com certeza, assim vivemos mais. Porém precisamos adicionar vida aos nossos anos, e não simplesmente anos a nossa vida.
Se cuidamos do corpo (= acrescentar anos) precisamos cuidar também da dimensão espiritual da existência (= acrescentar vida aos nossos anos).
Jesus se transfigura e nos ensina a transfigurar nossas vidas e nossa realidade. A fé nos capacita a mudar uma realidade que aparece com todos seus limites e injustiças, com muita violência e sem paz, com muitas divisões e sem amor. A nossa comunhão com Deus, enraizada na escuta da sua Palavra, nos torna verdadeiros missionários da justiça, da paz, da misericórdia e do amor.
Padre Graciano Cirina
18 de março de 2019
A narrativa sobre a Transfiguração nos evangelhos é a mesma, porém no Ano A é narrada por Mateus (17,1-9), no Ano B por Marcos (9,2-10) e no Ano C é narrada por Lucas (9,28b-36).
Essa homilia foi publicada originalmente no site da Paróquia Sagrado Coração de Jesus
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