Uma fé que cura o coração

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Homilia do VIº Domingo do Tempo Comum – Ano A

(13/02/2017)

Leituras:

Eclo 15,16-21

Sl 18(119),1-2.4-5.17-18.33-34 (R. 1)

1Cor 2,6-10 ou ou mais breve 5,20-22a.27-28.33-34a.37

Mt 5,17-37

Estamos lendo neste domingo uma parte importante do evangelho de Mateus: o grande discurso de Jesus que ensina quem é o discípulo ou, se preferimos, o cristão seguidor de Jesus. Este grande discurso começou com as “bem-aventuranças” e depois Jesus convidou a sermos “sal e luz da terra”.

Hoje Jesus traz um questionamento fundamental da fé: queremos uma observância exterior da fé, superficial, sem atitudes de conversão, ou uma observância profunda que envolve o nosso coração?

Jesus não tem medo de afirmar que a observância dos fariseus é aparente, é uma maneira de viver a fé que não muda a pessoa, conforme a vontade de Deus, mas faz a vontade dos homens, deturpando a vontade de Deus! Jesus propõe uma lei que cura o coração de seus desvios e seus males.

Para se explicar bem Jesus faz alguns exemplos:

Não matarás

Jesus explica que para matar, acabar com uma pessoa, não é necessário matá-la fisicamente. Existem tantas maneiras de usar violência e de matar. A violência, a agressão nascem no coração, vem de dentro da pessoa: “Aquele que se encoleriza…” Deus quer que no nosso coração não habitem sentimentos capazes de destruir o outro, nem com a violência, nem com o desprezo, a humilhação, a exclusão.

Adultério

 Aqui também Jesus olha para o coração da pessoa. Neste caso não está falando de adultério como traição, mas da maneira de ver as pessoas. Não precisa chegar a vias de fato, pois, neste caso também, o pecado já existe no coração, na mente, no jeito de pensar. Trata-se de entender a pessoa dentro da sua totalidade. O pecado sempre inicia quando achamos que uma pessoa é apenas um corpo que pode ser usado para nos servir de prazer, um objeto de consumo.

Jesus nos convida a entender que a pessoa não é apenas um objeto de prazer, mas alguém que tem sua história, seus afetos, sua família, sua dignidade. Claramente hoje vivemos uma cultura “erotizada”, onde as pessoas se apresentam com o corpo, querem mostra-lo, querem ser avaliadas pelas suas medidas. Com isso torna mais difícil percebê-las como pessoas, porém continuam pessoas mesmo caindo na ilusão, incentivada na sociedade, de que elas têm valor na medida em que tenham corpos bonitos e atraentes.

Não deves jurar o falso

 Jurar no mundo semita (ou seja, judeu) significava declarar algo chamando Deus como testemunha da verdade. Hoje existe um restinho desta cultura na expressão muito inocente “Juro por Deus”, que muitas vezes se fala por costume sem o peso de outras vezes quando falamos com mais seriedade.

Jesus pede para não jurar nunca, não apenas não jurar o falso. Significa que temos que falar “sim” quando é “sim” e “não” quando é “não”, isto é, o cristão tem que ser verdadeiro e se responsabilizar de tudo que fala, sem tentar usar o nome de Deus para dar valor a sua palavra. A palavra tem valor próprio quando nasce de um coração reto e sincero. Isso é muito parecido a não usar o nome de Deus em vão.

A leitura de hoje termina aqui, mas Jesus continua seu ensinamento desmontando muitas coisas dos fariseus: olho por olho, odiaras o teu inimigo, não dar esmola para se mostrar, não rezar nas praças para ser vistos… A lição continua.

É uma conversão contínua que nos cura dos males e da hipocrisia.

Padre Graziano (13/02/2017)

Homilia publicada originalmente no site da Paróquia Sagrado Coração de Jesus

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