Homilia da Quinta-feira Santa – Ano A
(14/04/2017)
Leituras:
Ex 12,1-8.11-14
Sl 115(116B),12-13.15-16bc.17-18 (R. cf. 1Cor 10,16)
1Cor 11,23-26
Jo 13,1-15
A Liturgia que é celebrada na quinta-feira santa dá início ao Tríduo Pascal: são três dias de uma liturgia que é uma única celebração. Na quinta-feira, celebramos a grande revelação sobre uma vida feliz, não tem amor verdadeiro sem serviço. Jesus se faz servo do amor, servo por amor.
Na sexta-feira vamos celebrar a Paixão e morte: isto é, quando amamos de verdade é preciso assumir as consequências, o amor é sacrifício concreto, não existe doação sem desprendimento.
Sábado Santo é a noite a grande Vigília da Ressurreição: renovamos o batismo, o sacramento que nos torna outros Cristos, que recebemos para viver como Ele e ressuscitando com Ele.
Mas voltamos a quinta-feira Santa, o dia do Servo por amor, dos gestos tão importantes e significativos. Jesus foi muito claro: Eu lhe dei um exemplo: vocês devem fazer o que eu fiz! (cf Jo 13,14-15)
Com este gesto Jesus entra profundamente no sentido do amor, na sua essência. Uma explicação que entra profundamente em contraste com o “amor” que se vive hoje, um amor que vive junto com aparência, que é direcionado apenas a interesses pessoais, isto é: amo quando quero, amo quem eu quero, amo como quero. Amor muitas vezes ligado a troca de favores, que prejudicam, porém, os outros.
Jesus quando nos diz que não veio para ser servido, mas para servir, está dizendo que o amor acima de tudo é uma maneira de ser, uma maneira de viver. Algo que existe dentro de nós e que norteia nossas vidas. Não é um sentimento que vai embora do mesmo jeito que chegou, é algo muito mais determinado: é uma decisão, a decisão de doar nossas vidas. Fora disso nunca vamos fazer o que Jesus pediu: seguir o seu exemplo.
Doar a própria vida é uma caminhada para vida inteira. Cada dia se aprende a doar a vida, cada dia aprendemos algo novo, cada dia crescemos, mas a base de tudo é a decisão de nos doar. Sem esta decisão tudo fica confuso e nossa vida fica como uma bandeirinha que vai do lado que o vento quer, segue um monte de modas, fica perdida atrás dos fatos e dificuldades da vida, dos nossos relacionamentos, a cada dificuldade real perdemos o rumo e não sabemos mais o que é amar, não sabemos como amar.
Jesus nos pede para acreditar que a doação por amor é um caminho de felicidade e realização. Não pede “servilismo” e “puxa-saquismo”, ao contrário, se coloca abaixo dos outros. Pede-nos de fazer como Ele.
Ser Servos por amor não significa ser escravos. Este jeito de amar nos acompanha sempre na vida familiar, no trabalho, nas horas de descanso e lazer. O próprio descanso, o cuidado com a saúde, uma boa leitura, um momento de cultura no teatro o no cinema, atividades de lazer fazem parte de uma vida equilibrada e podem ser expressão de amor ao próximo, desde que a vida não seja apenas isso e que o cronograma da minha semana não seja sempre e apenas centrado em mim, e nunca tenha um espaço para servir gratuitamente o meu próximo.
Alguém poderia justamente dizer: “Padre, mas eu cuido 24 horas por dia do meu pai doente”. Essa é uma grande missão, amando e cuidando bem do seu pai, a pessoa está se doando para todos, está doando sua vida.
Quando a luz do serviço e do amor estão no nosso coração, nós achamos mil maneiras de ajudar os outros. Acontecem ideias sempre novas. Isso vejo em muitas pessoas da comunidade como são criativas, porque o coração delas está sendo moldado pelo exemplo de Jesus.
A Eucaristia que recebemos não alimenta o nosso egoísmo e nossos interesses, mas alimenta uma vida doada por amor. A Eucaristia realiza grandes coisas em quem se dispõe a uma vida eucarística: ser servo por amor!
Homilia publicada originalmente no site da Paróquia Sagrado Coração de Jesus