Cinzas que me questionam

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Voz do pastor | Jornal um só coração

Edição de fevereiro de 2012

Leituras:

Jl 2,12-18

Sl 50(51),3-4.5-6a.12-13.14 e 17 (R. cf. 3a)

2Cor 5,20-6,2

Mt 6,1-6.16-18

Gosto demais deste sinal das cinzas. Desde os tempos mais remotos as cinzas na cabeça representam o homem arrependido, penitente, que caminha para se libertar do mal, feito para a comunidade. No Antigo Testamento, este sinal era associado ao costume de vestir com um saco de juta. Na liturgia cristã, o gesto é acompanhado pelas palavras de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Palavras que, se fossem traduzidas na linguagem de hoje, seriam: “Mudai vossos comportamentos errados e acreditai na boa notícia!”.

As cinzas que usamos na Quarta-feira são fruto dos galhos queimados do Domingo de Ramos. Aqueles mesmos ramos que usamos para gritar Hosana a Jesus, que entrava em Jerusalém, agora são as cinzas que convidam a mudar de vida e nos arrepender dos caminhos errados. O desafio da nossa conversão está ligado ao dia no qual acolhemos Jesus como Salvador.

Esta ligação nos diz que não há mudança de vida, se não existe uma razão maior, uma força que nos impulsiona a mudar. Esta força é alguém: Jesus Cristo. É também sua Palavra, seu exemplo, seus sinais de vida, que nos transmitem uma nova visão das coisas. Conversão não é apenas dizer “perdão, meu Pai”, mas é acima de tudo reconhecer que existe outro caminho, uma nova possibilidade.

Aceitando as cinzas na cabeça, eu aceito a possibilidade de me mudar em nome do projeto do Nazareno. Recebendo as cinzas eu aceito que o amor é o comportamento mais digno de um ser humano. Aceito que é apenas de comportamentos, pensamentos e palavras, filhos do amor, que nasce a felicidade. Aceito que nossas relações não devem ser nem de superiores, nem de inferiores, mas relações de fraternidade. Recebendo as cinzas, eu aceito que a maior mentira é aquela que digo a mim mesmo: vendendo a verdade de mim mesmo, a escravidão das coisas e do dinheiro me seguram como é segurada uma marionete.

Por isso admiro demais as palavras do Mahatma Gandhi, quando indicou os fatores que destroem o ser humano:

 A política sem princípios;

O prazer sem compromisso;

A riqueza sem trabalho;

A sabedoria sem caráter;

Os negócios sem moral;

A ciência sem humanidade;

A oração sem o amor.

Vamos receber as cinzas para que possamos renascer em Cristo. Renascer no amor. Renascer como irmãos. Uma boa Quaresma.

Padre Graziano

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