Homilia do IIIº Domingo da Páscoa – Ano A
(04/05/2017)
Leituras:
At 2,14.22-32
Sl 15(16),1-2a.5.7-8.9-10.11 (R. 11ab)
1Pd 1,17-21
Lc 24,13-35
O evangelho de hoje fala do domingo da ressurreição: naquele mesmo dia, o primeiro da semana. Então estamos no dia em que todo mundo, no bem ou no mal falava dos fatos de Jesus, da sua morte na cruz e nada mais. Estes discípulos provavelmente voltam para sua casa, totalmente decepcionados e desanimados. Tudo acabou. Jesus já havia morrido, o sonho de libertação e de uma nova maneira de viver a religião centrada num Deus Pai bondoso, acabou junto a morte de Jesus.
Lucas faz questão de dizer algumas coisas:
– Os discípulos estavam como que cegos e não reconheceram Jesus
– Eles estavam sem esperança
– Algumas mulheres disseram que Jesus ressuscitou, mas eles não acreditaram.
A primeira parte desta história fala desta cegueira que tem sua raiz na falta de esperança. Muito comum isso a todos nós que quando alguma coisa na vida não dá certo perdemos a esperança em tudo, perdemos a esperança em Deus. Nós também nestas situações ficamos como que cegos, o nosso olhar negativo nos faz ver tudo negativo e não encontramos nenhum ponto de apoio para nos levantar. Tem situações assim que duram anos e anos e a vida perde totalmente seu sentido, a tristeza toma conta de uma vida que se arrasta.
Como Deus é considerado culpado do sofrimento, não é mais procurado; quantas vezes ouvimos falar: “não acredito mais em nada”. Desta maneira o único que poderia nos ajudar, Deus, é afastado da nossa vida. Acontece muito isso, na hora que mais precisamos de Deus, nos afastamos dele, da comunidade, das celebrações.
Caímos no desanimo e não temos como sair dele. Quantas vezes alguém me fala: “Padre não fui na missa pois estou triste” e eu respondo, mas é exatamente nesta hora que precisa ir na missa para Deus te levantar. Como disse na semana passada, a celebração da eucaristia é algo humano e divino, ela tem uma força muito maior do que pensamos e imaginamos.
O Evangelho mostra que Jesus dá uma chacoalhada neles dizendo que são sem inteligência e lentos: será que Ele não tinha que passar por isso? Apesar disso, eles ainda não conheceram, mas Jesus continua caminhando ao lado deles, não os abandona e explica tudo de novo desde Moisés e os profetas. Acontece também conosco, da mesma maneira, quando nos afastamos de Deus, tristes e decepcionados por algo que nos aconteceu, Ele não afasta de nós, fica ao nosso lado, caminha conosco e espera que nossos olhos se abram.
Na parte final acontece isso. Os discípulos reconhecem Jesus na hora que reparte o pão. Naquele momento sentem que mesmo antes (explicação da Palavra) o coração deles estava ardendo no peito. Os dois assim voltam para trás e anunciam que Jesus ressuscitou de verdade.
É muito explicito o convite de Lucas que fez questão de mencionar esta aparição de Jesus no seu evangelho para convidar as comunidades cristãs do seu tempo a não desanimar pela perseguição, mas a continuar celebrando a Palavra e a Eucaristia. Como que se nos dissesse que em cada Eucaristia Jesus aparece para nós!
É o que devemos fazer nós também. Na hora mais difícil aproximar do Senhor e da comunidade, celebrar a Palavra e a Eucaristia e isso nos ajudará a superar o desanimo e a tristeza, sozinhos não seremos capazes.
Homilia postada originalmente no site da Paróquia Sagrado Coração de Jesus